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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

24 de fevereiro de 2014

AOS AMIGOS JOÃO E KIKO


Um dos principais problemas do PT, concordo, foi ter feito alianças malditas com gente do naipe de Renan Calheiros em nome da governabilidade. No sistema político brasileiro, o Presidente precisa de maioria na Câmara para governar, para aprovar as medidas que considera importantes. O Presidente não tem como governar sozinho (só fazendo um AI-5 de novo e fechando o Congresso, coisa que alguns Bolsonaros adorariam).

Com o atual sistema eleitoral, com financiamento privado de campanhas, nossos deputados se elegem graças à injeção, em suas campanhas, de dinheiro de empresas privadas, de maneira que chegam ao Congresso Nacional não como representantes dos eleitores, mas como jagunços a serviço daqueles que investiram em suas campanhas. É um negócio: você investe no político, elege-o, e depois vai atrás dele exigir seu lucro.

Infelizmente não há, entre presidência e Congresso, um debate de ideias, de programas políticos. O que nossos congressistas querem é o toma lá da cá. Ninguém vai me convencer que o Congresso aprova alguma medida por considerar que “vai ser bom para o Brasil”. Isso, lamentavelmente, é viver num mundo de fantasia.

FHC foi acusado de comprar votos pra aprovar a reeleição. O PT foi acusado (e condenado) na Ação Penal 470. Isso porque há essa crise de representação num Congresso onde o debate é impossível, a não ser nos termos do toma lá da cá. SEJA QUEM FOR O PRESIDENTE, enquanto a situação no Congresso for essa, só governa no BRASIL REAL quem tiver estômago pra apertar a mão de Temer e Renan.

Quando a Dilma falou em plebiscito pra fazer essa necessária reforma política, entretanto, todo mundo chiou. Lembra? Era justamente uma tentativa de usar o momento político das manifestações de insatisfação popular pra promover reformas importantes para o país.

E dentro desse contexto de conchavos escusos pra garantir poder político e eventual maioria no Congresso, o Eduardo Campos e a Marina apenas representam mais do mesmo, uma vez que, foi só saírem do “campo das ideias” e entrarem na POLÍTICA REAL, que se viram obrigados a negociar com gente do naipe de Caiado, Bornhausen e Heráclito Fortes. Se Marina e Campos não se alinharem a essa gente, não aprovam nada. Não governam. Ou seja, MAIS DO MESMO.

Ainda prefiro a Dilma e o PT por considerar que tentam, apesar desse contexto todo, fazer um governo voltado primeiramente à população mais necessitada. Com todas as dificuldades, trata-se de um governo que em pouco mais de 10 anos tirou 36 milhões de pessoas da pobreza extrema, diminuiu radicalmente o desemprego, incluiu milhões de brasileiros na economia formal, valorizou o salário mínimo, consolidou as políticas de cotas sociais nas universidades públicas, conferiu mais direitos a trabalhadores domésticos, dentre outras conquistas importantes.

Minha tristeza é ver que a nossa antiga classe média não se empolga com essas conquistas e a ascensão das classes mais baixas. Pelo contrário: se sente enfraquecida pela perda de privilégios. O patrão se irrita ao ver que seu funcionário agora tem condição de comprar um carro: “Devo estar pagando um salário muito alto”. A professora universitária se sente ultrajada pela “perda de glamour” nos aeroportos, depois que voar de avião deixou de ser exclusividade de gente rica. O aumento do poder aquisitivo de brasileiro não a deixa feliz. Ela sente falta de uma época em que pouca gente tinha acesso aos aeroportos, e ela podia exibir suas viagens de avião como símbolo de status. O mesmo status que move o Rei do Camarote.
(http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/professora-da-puc-ironiza-passageiro-de-aviao-e-ganha-pagina)
No episódio da PEC 72, a madame dona de casa achou um absurdo a legislação que iguala os direitos trabalhistas da empregada que lava o banheiro dela aos direitos dos outros trabalhadores.

500 anos de injustiça social não vão ser resolvidos em 10 anos de governo, nem em 20. Muita coisa precisa melhorar, sempre. Mas considero que os governos do PT têm feito o possível pra melhorar a vida de quem mais precisa. Ainda não é o ideal, mas é disparado o melhor que temos dentro da atual conjuntura. E felizmente o povo sabe disso.

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