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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

12 de maio de 2005

A FORÇA DA CORRENTEZA

Pense na seguinte imagem: pequenos bebês sendo deixados no leito de um rio. Assim é a nossa vida. Sem perceber, a estranha força da correnteza vai nos guiando e nos levando sem que a gente tenha muito domínio da situação. Ao nosso lado, milhares de outras pessoas vão se deixando levar pela tal correnteza, de modo a nos deixar ainda mais convencidos de que o caminho do leito do rio é o caminho certo. A multidão é tamanha que a gente mal consegue ver o que é que há além daquele rio...
Não que o caminho ditado pela correnteza não seja um caminho válido. O problema é que, se não ficarmos atentos, poderemos acabar achando que se trata de um caminho único, coisa que não é. Desde o momento em que nascemos até o dia de hoje, a maioria de nós tem se deixado levar pela correnteza. Ainda duvida? É fácil responder.
Por exemplo: imagine alguém que esteja concluindo algum curso superior e resolva largar tudo porque gosta mesmo é de ser músico. Será essa uma tarefa fácil? Não. Não porque esse caminho vai contra a correnteza e sabemos que é gigante a força do rio. As pessoas que estão perto dele logo tentarão dissuadi-lo da idéia “maluca”. Achou pouco? Imagine então alguém que se descobre homossexual. Será uma tarefa fácil para essa pessoa assumir para sua família e amigos que deseja relacionar-se com pessoas do mesmo sexo? E, uma vez homossexual resolvido e apaixonado, será que ele poderá demonstrar seu afeto beijando na boca seu parceiro em local público? Não. Provavelmente correria até o risco de ser preso por única e exclusivamente dar um beijo na boca da pessoa que ama.
Mais uma vez se manifesta o violento e camuflado poder da correnteza. Camuflado, porque do ponto de vista de quem está no meio do rio, não existe a tal corrente. Para se perceber esse movimento comum, seria necessário nadar até a margem, ou seja, deslocar-se, para aí sim perceber a multidão de cabecinhas que estão sendo arrastadas na enxurrada.
Falei sobre a margem e prossigo: quanto mais no meio do leito do rio, encoberto por milhares de outros corpos que simplesmente bóiam, mais difícil se torna vislumbrar os caminhos alternativos, seus afluentes. É necessária a proximidade da margem para que se possa realmente perceber a situação e enxergar todas as possibilidades. Sim, é necessário ser um “marginal”. Quem se afasta do leito do rio será automaticamente taxado de marginal, mas deve saber que, para conseguir alcançar seu novo objetivo essa será uma condição obrigatória.
Aquele músico, cujo exemplo citei acima, se quiser realmente viver de música terá que desagradar à família e magoar os pais. Mas essa desobediência é absolutamente indispensável. O mesmo se aplica ao homossexual. A sua felicidade dependerá sempre de algum sofrimento alheio. Para se realizar, ele terá provavelmente que ferir o orgulho dos pais e aviltar senhoras conservadoras em locais públicos. Seu único crime foi não seguir o caminho da multidão. Resolveu tomar as rédeas do seu próprio destino e traçar para si um rumo diferente, talvez um afluente deste mesmo rio...
O importante aqui não é evitar o rio e sim saber da sua existência. Uma vez identificada a força da correnteza, cabe a cada um escolher para si uma direção a seguir: pode ser o próprio rio, mas pode não ser. Eu, por exemplo, já escolhi. Quero, até o fim da minha vida, ter forças para nadar contra essa correnteza imperativa, pois lá na nascente encontrarei a água mais limpa. Quanto aos que seguirão até final do rio, imagino o que encontrarão por lá: o esgoto, a merda.

4 comentários:

Anônimo disse...

Estou me vendo na fotografia nadando dia 15.

Anônimo disse...

Você contra a Maré?? Sei. Você é daqueles que não só nada a favor da maré como convence os marginais a pularem no rio.

Anônimo disse...

Um dia saio deste rio sujo, imundo, com a cueca rasgada e a bunda cheia de areia. Bunda e merda boia... e vai descendo...

Não nascemos pra ser merda e não temos só bunda. Bata a perna MENINO!!!

QUERO UMA VIAGEM DE 6 MESES!!!SUMIR NO MUNDO...

Anônimo disse...

Fred, não se irrite. São esses comentários (o anônimo imbecil) que comprovam sua teoria. É na cabeça deles que vamos subir pra pular fora desse "Matrix River"!!!
(Agora é que vão achar que estamos todos fumando maconha mesmo...) FODAM-SE aqueles que não entendem!!!


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